A ideia de formar em Campelos um Rancho Folclórico já vinha de 1962, época em que se representavam peças de teatro, nas quais se incorporavam algumas danças. Com o passar dos anos, essa ideia foi-se intensificando e, a partir de mais uma brincadeira realizada pelo Carnaval, em que as marchas populares foram, de novo, um sucesso, os intervenientes, entusiasmados pela população, decidiram avançar…
Os seus principais impulsionadores foram os senhores Luís Manuel da Costa Lopes e Florentino Manuel Lopes em conjunto com todos aqueles que colaboravam como bailarinos.
Assim, a 23 de Fevereiro de 1982, era fundado o Rancho Folclórico.
Os ensaios ( que ocorriam na cave do Centro de Cultura – local onde hoje funciona o café) tiveram início sob orientação da menina Ana Maria, natural do Vale da Borra, que ensaiou gratuitamente o rancho que então nascera.
O primeiro acordeonista foi o Sr. Ramiro Anastácio do casal das Giestas, tendo mais tarde a colaboração do Sr. Manuel Alves, morador na Cabeça Gorda.
Criaram-se os estatutos, tendo sido dado ao Grupo o nome de “Rancho Folclórico Danças e Cantares de Campelos”, que foi baptizado no dia 11 de Julho de 1982, apadrinhado pelo Sr. Frederico de Sousa e pela menina Ana Maria.
A Câmara Municipal de Torres Vedras ofereceu as fardas dos bailarinos. Estiveram ainda presentes no “Baptismo” o Dr. José Augusto Carvalho, Vereador da Cultura, e a Vereadora Dr.ª Ana Maria Bastos, grande benemérita deste rancho.
A 10 de Agosto de 1982, foi lavrada a escritura pública da constituição do Rancho, e definiram-se os objectivos da associação. Apesar de algumas dificuldades do Grupo, foram acompanhadas de perto as jornadas folclóricas, organizadas pela Federação do Folclore Português. Houve um investimento na procura de danças e cantares regionais, assim como trajes, fazendo recolhas junto da população local e lugares limítrofes. Algum tempo depois foi possível apresentar um trabalho neste campo de acção, o que levou o Rancho a ser considerado um dos melhores do concelho de Torres Vedras.
O contacto com as pessoas levou-as a ofertarem os mais diversos objectos antigos, ligados aos usos e costumes locais. Este facto projectou o Rancho na criação de um Museu Etnográfico, em 1984, encontrando-se este em funcionamento nas actuais instalações, adquiridas para o efeito. A atestar a referida qualidade está também o elevado número de actuações, realizadas de Norte a Sul do país (cerca de uma centena) em muitas festas e Romarias bem como em Festivais de Folclore e festas de Beneficência. Destacam-se as realizadas nos Hotéis Golf Mar e da Ericeira e no Casino do Estoril.
Recordam alguns elementos de então: "Havia dias em que tínhamos uma actuação à tarde e outra já noutro sítio à noite. Divertíamo-nos muito e éramos bastante aclamados". Com o desaparecimento de dois dos pilares do grupo – Manuel Damas Antunes e Joaquim dos Santos Guerra, o Rancho atravessou uma crise directiva, que provocou a interrupção da sua actividade em 1990.
Volvidos sete anos, e após algumas tentativas de nova dinamização (nomeadamente por parte de José Damas Antunes e Celso Severiano), o grupo retomou os trabalhos a 17 de Novembro de 1997, contando com muita gente jovem e também com dançarinos dos primeiros tempos. De salientar que este recomeçar se deve, grandemente, à determinação, coragem e empenhamento do Rui Luís, seu actual presidente, que contactou um conjunto de pessoas para garantir a composição dos Corpos Sociais.
Nesta nova fase, a presidência foi assumida pela jovem Natalina Luís, hoje presidente da Junta de Freguesia de Campelos. Em Maio de 1998 deu-se, oficialmente, a primeira apresentação pública, tendo sido convidado para apadrinhar este acontecimento, o Rancho Folclórico de Geraldes.
Desde então, e de forma sistemática, o Rancho tem organizado em Maio o seu Festival/Encontro de Folclore, convidando grupos de diversos pontos do país. Procurando preservar e dar a conhecer hábitos e costumes da sua terra, bem como da região onde está inserido, o Rancho tem continuado a marcar presença um pouco por todo o país, tendo sido convidado a actuar na Ilha de S. Miguel – Açores, bem como em Inglaterra.
O grupo ensaia quinzenalmente, às Sextas-Feiras, no Centro de Cultura e Animação de Campelos, sendo composto por mais de quarenta elementos e apresenta, na tocata, os seguintes instrumentos: acordeões, bombo, ferrinhos, bilha, pandeireta, castanholas e reco-reco.
Não desistindo de continuar a sua recolha, possui actualmente este conjunto de trajes: domingueiro (diversos), camponeses, semeador, noivos, abegão, pastor, leiteiros, feirante, moleiros, ferrador, juncaleiro, donos das Quintas (cavaleiro), parteira, lavadeira, vaqueiro, pastor e regedor (autoridade administrativa da Freguesia).
Do reportório de Danças, fazem parte: Marcha de Campelos, Castanheiro, Valsa dos Namorados, Vira do Mato Grosso, Hei-de ir, hei-de ir, Cachopa do campo, Milho Rei, Olaré, Bailarico Saloio, Vira da Romaria, Desfolhada, Chotice do Oeste, Verde Gaio, Carreirinhas, Verde Gaio de roda, Valsa a dois passos, Valsa a quatro passos, Laranjinha e o Salto e Bico.
De salientar que a Marcha de Campelos, foi criada pelo Sr. Manuel Lopes de Casais Larana, há já algumas décadas e era apresentada de forma cantada e coreografada pelo grupo de Teatro Amador e Cultural de Campelos, aquando da apresentação das suas récitas.